sábado, 20 de outubro de 2012

Cigarros

Eu comecei à fumar em abril de 2010, fumar pra valer, antes era só um hobby de quando bebia...

Bebia e fumava um cigarro, um aqui, um ali, só de brincadeira...

A sensação de alívio(Momentânea) que o cigarro traz era o suficiente para acalmar minha mente e coração em picos de stress.

Em pouco tempo meus cigarros estavam como na foto, cada dia para uma coisas.

Hoje fumo um maço de cigarro por dia, são 20 cigarros, se estou bebendo com os amigos numa noite esse número pode dobrar.

Em março do ano que comecei a fumar minha mãe teve um AVC, eu esta de folga num domingo com minha melhor amiga em casa, vendo umas coisas na internet quando minha mãe que estava no banho deu um grito bem alto de dor e o pescoço dela ficou rígido.

Na época minha mãe namorava o nosso vizinho da frente, e ía sair com ele nesse dia, fomos todos pro hospital, fomos na AMA de pirituba, minha mãe sem convênio na época, medicaram, mas a transferiram de âmbulancia para o Açogue de Pirituba, vulgo PS.

Esse lugar é o pior hospital que eu já vi. A medicaram como se para enxaqueca e a mandaram pra casa.

Ficamos a semana toda atrás de tratamento, hospital atrás de hospital.

Eu trabalhava até a meia noite, e no sábado de manhã minha mãe foi para o HC e não me chamou pra me deixar dormir, quando foi umas 11 da manhã ela ligou pra minha tia e minha tia me ligou pra me acordar. Meu tio passou em casa e me deixou no Hospital das Clínicas. Como minha vó fez a retirada de tumores e sessões de quimioterapia naquele lugar ele só entra em último caso.

Fiquei o dia lá com a minha mãe, e depois de vários exames foi constatado o derrame cerebral. Às 11 da noite eça já foi pra UTI, o médico me deu os detalhes de tratamento e a lista de coisas pra levar pra ela e assim eu fiz.

Meu então namorado foi me buscar no hospital, me levou pra comer algo e foi comigo pra casa.

No outro dia fui visitar e ela já estava toda molinha de medicação, na segunda-feira quando cheguei ela voltava da mesa de cirurgia.

Me lembro como hoje o médico dizendo que ela não falaria e não mexeria mais o lado direito de seu corpo, isso me desesperou e chorei como nunca havia chorado na vida, ali, na frente do médico mesmo. Acredito que ele já estivesse acostumado com isso, as notícias que pude acompanhar durante minhas visitas foram de veras complicadas.

*Se você nunca visitou o hospital das clínicas não sabe as lições de vida que levamos de cada minuto dentro daquele lugar*

Foram onze dias de visitas diárias e a cada dia saía mais feliz, pois ela melhorava cada vez mais. Foi um período complicado porque na época, meu irmão tinha 11 anos e não podia entrar comigo na UTI por conta da imunidade, eu tinha uma rotina maluca, entre trabalho, hospital, meu irmão, minha casa e meu namorado na época me abandonou depois desse primeiro dia, então eu fiquei sozinha, tinha meus tios na medida do possível, minha melhor amiga pra me aturar no telefone todo dia, e que chorava junto comigo e um pai que não tinha a utilidade de ficar com meu irmão pra que eu pudesse seguir com minha rotina louca...

Ela saiu do hospital, perdeu o emprego, conseguiu outro, está na faculdade, no 3º período de Pedagogia, que conseguiu pelo ProUni e apesar dos puxões de orelha é a pessoa que eu mais amo nesse mundo todo.

Hoje ela está fazendo 53 anos, é linda, fala perfeitamente e anda perfeitamente, e graças à Deus esta 100 %, é uma guerreira.

Entrei nesse assunto e contei esse episódio da minha vida porque os médicos atestaram que isso foi por causa do cigarro que ao longo do tempo endureceram os vasos sanguíneos cerebrais da minha mãe, e por um nervoso, ou no caso uma ansiedade um deles estourou e fez todo esse estrago.

Se isso não me faz pensar em parar de fumar??

- Sim, faz, mas sem o cigarro eu já tinha morrido. Fato...

Morrido de raiva, de tristeza, de tanta coisa que nem sei dizer aqui...

Isso está nos meus planos, pra um futuro próximo, mas não hoje, nem amanhã...

Aliás, vou ali fumar e depois volto...